Temporal causa estragos e reforçam um ponto que insistem muitos ainda em ignorar: nem tudo depende da prefeitura ou do prefeito.
O forte temporal deste sábado (15/11) transformou Divinópolis em um cenário de tensão. A chuva intensa avançou sobre bairros inteiros, derrubou árvores, invadiu casas, comprometeu vias e interrompeu serviços. Enquanto isso, a Prefeitura e a Defesa Civil correram contra o tempo para reduzir danos, monitorar riscos e atender moradores.
A cidade enfrentou alagamentos, especialmente em áreas historicamente vulneráveis. Contudo, apesar do estrago, o levantamento da Defesa Civil trouxe informações essenciais para orientar o público, além de reforçar que, mesmo com a mobilização imediata das equipes, alguns problemas continuam exigindo soluções que ultrapassam a vontade da prefeitura.
Ainda durante a noite de sábado, a Defesa Civil recomendou que qualquer morador em risco ligasse para o telefone de plantão: (37) 98825-2279. A comunicação direta, porém, se tornou apenas parte da operação, já que vários pontos exigiram atenção simultânea.
Alagamentos se espalham e expõem fragilidades conhecidas
As águas invadiram o Serviço Municipal do Luto mais uma vez. A Rua Rio de Janeiro também registrou acúmulo significativo, principalmente na saída para a rodovia. A Praça dos Ferroviários sofreu com a mesma situação, e a água chegou a entrar parcialmente na Escola Estadual próxima. Como consequência, o trânsito ficou lento e o risco aumentou.
Ao mesmo tempo, equipes atuaram em pontos com queda de árvores. Nos bairros São José, Bela Vista e Belvedere, galhos atingiram ruas, carros e entradas de residências. As equipes trabalharam para liberar acessos e reduzir riscos, já que moradores precisavam circular mesmo em momentos críticos.
Vários bairros sofreram com falta de energia, como a Praça do Santuário e parte do Porto Velho. O problema comunicado imediatamente à concessionária, já que a chuva derrubou cabos e comprometeu postes.
Inundações na Antônio Olímpio de Morais e o velho mito da culpa da prefeitura
Entretanto, entre todos os impactos, um ponto sempre retorna à discussão pública: a região da Avenida Antônio Olímpio de Morais, ao lado do Serviço Municipal do Luto. Toda vez que o temporal atinge, surgem comentários apressados e nem sempre informados sobre a responsabilidade pelos alagamentos.
Por isso, vale o esclarecimento: a solução necessária naquele trecho não depende da Prefeitura de Divinópolis nem do prefeito Gleidson Azevedo. O problema exige uma autorização específica da VLI, empresa responsável pela área ferroviária. A drenagem necessária só pode existir se a empresa liberar a obra para passar sob os trilhos.
Sem essa autorização, qualquer intervenção se torna tecnicamente impossível. Ainda assim, muitos falam como se o prefeito tivesse uma pá mágica, capaz de abrir um túnel sob os trilhos com um estalar de dedos. Seria maravilhoso, claro. Mas a engenharia insiste em lembrar que existe legislação, propriedade privada e regras ferroviárias.
E quanto ao sofrimento no Serviço Municipal do Luto? O pessoal acha que o prefeito dorme tranquilo?
A cada enchente, equipamentos se perdem, materiais estragam, atendimentos são interrompidos e famílias enfrentam transtornos justamente no momento mais delicado: a despedida de seus entes queridos. E, ainda assim, alguns acreditam que o prefeito Gleidson Azevedo observa tudo isso com total tranquilidade, como se colocasse a cabeça no travesseiro e dissesse: “Que maravilha, o Luto alagou de novo.”
Claro. Porque é óbvio que qualquer gestor adora lidar com prejuízo, dor das famílias, perda de patrimônio público e cobrança constante. Deve ser um hobby noturno, não é mesmo?
A ironia se impõe porque a crítica automática não considera o essencial: sem a liberação da VLI, a drenagem não avança, não importa quantos projetos existam ou quantas máquinas estejam à disposição. A prefeitura aguarda há anos essa liberação para executar a solução definitiva. Até lá, o problema retorna sempre que a chuva decide cair com força.
Vias interditadas aumentam o caos
Após avaliar os riscos, a Prefeitura interditou completamente algumas ruas. As equipes reforçaram que motoristas devem evitar a região, já que desobstruir e limpar as vias exige tempo e segurança. Ficaram interditadas:
• Rua São João Del Rei
• Rua Caratinga
• Rua Paraná
• Rua Amazonas
• Rua Benjamin de Oliveira
Além disso, alguns semáforos deixaram de funcionar. O trânsito ficou desorganizado, o que exigiu atenção redobrada dos motoristas.
Atendimento no Luto é suspenso, e equipes seguem nas ruas
O atendimento presencial no Serviço Municipal do Luto suspenso temporariamente devido ao alagamento. Enquanto isso, as famílias devem solicitar atendimento pelo WhatsApp (37) 99193-1029. Uma equipe da prefeitura irá até o endereço indicado e fará o atendimento no local.
As equipes continuam mobilizadas, monitorando áreas de risco e acompanhando a previsão de chuva. O trabalho continuou toda a noite, principalmente em regiões com chances de novos deslizamentos ou quedas de árvores.
Defesa Civil reforça orientações essenciais
O órgão pediu que moradores:
• evitem áreas alagadas
• não atravessem trechos inundados
• observem sinais de deslizamento
• desliguem aparelhos elétricos em áreas de risco
• mantenham distância de fios caídos
• não usem árvores como abrigo
• protejam documentos em sacos plásticos
• mantenham calhas limpas
• busquem locais altos em caso de enxurrada
Uma noite difícil, uma cidade inteira em alerta
O temporal trouxe estragos e exigiu respostas rápidas. Contudo, também deixou evidente algo que muitos ignoram por conveniência: alguns problemas dependem de decisões externas. Enquanto isso, a prefeitura segue mobilizada, tentando minimizar os impactos de uma chuva.
Divinópolis enfrentou mais uma noite desafiadora. E, embora parte das soluções esteja nas mãos do município, outras dependem diretamente de quem controla trechos estratégicos da cidade, como a VLI. Até lá, o esforço das equipes continua, mesmo diante de problemas que exigem mais do que vontade política.










