Família enfrenta dor intensa, mas mantém fé; lembranças de amor e carinho do menino unem a cidade em oração e solidariedade.
Escrevo este texto com o coração apertado, talvez com uma das tarefas mais difíceis que um jornalista pode ter: falar sobre a partida precoce de uma criança. A notícia da morte de Eduardo Pereira, de apenas 3 anos, não é apenas uma tragédia registrada em manchetes. É um grito de dor que ecoa em Divinópolis e que atinge profundamente cada pessoa que tem filhos, sobrinhos, netos ou que simplesmente compreende a dimensão do amor de pai e de mãe.
Desde o último sábado (13/9), quando aconteceu o acidente no Divinópolis Clube, a cidade se mobilizou em correntes de fé. Vi pelas redes sociais como as pessoas se uniram, como grupos de oração se formaram na porta do hospital, como mensagens de esperança se multiplicaram. Cada postagem refletia a luta de uma comunidade inteira que acreditava em um milagre para Eduardo.
Sonho de um pai
E no meio desse turbilhão de sentimentos, o que mais marcou foram as palavras do pai. Palavras que não nasceram da frieza de um comunicado, mas da dor mais profunda que alguém pode sentir e, ao mesmo tempo, da fé que se recusa a morrer:
“Infelizmente meu filho faleceu. GRATIDÃO a todos por toda oração, mas vamos continuar em oração para que dias melhores virão na graça de Deus. O que aconteceu nos últimos dias foi significado de muita FÉ. Eu sempre sonhei em ser pai e vivi esse sonho intensamente. Realmente meu filho foi tudo que sonhei. Mas tenho que ser forte porque preciso continuar honrando a todos que estão comigo.”
Como não se comover? Como não sentir que, mesmo em meio à tragédia, existe uma grandeza na fé e na forma como esse pai olha para o filho, para a vida e para as pessoas ao redor?
Eduardo foi intensamente amado. Quem acompanhava as redes sociais da família sabe disso. Eram fotos, vídeos, registros que mostravam a alegria de um menino cheio de luz, sempre cercado pelo carinho dos pais. Não eram apenas imagens bonitas. Eram testemunhos de uma vida vivida com amor, com presença, com dedicação.
O casal tinha uma paixão especial pelo Cruzeiro, e essa paixão compartilhada com o pequeno. Quantas vezes vimos famílias reunidas pelo futebol? No caso de Eduardo, o azul-celeste não era apenas uma cor. Era um elo entre pai, mãe e filho. Uma tradição de família que se misturava à alegria de estar junto, de vibrar, de torcer.
Não cabe julgamentos
É por isso que, neste momento, mais do que nunca, precisamos lembrar: não cabe julgamento. O que cabe é solidariedade. Acidentes acontecem em frações de segundo. A dor já é imensurável. Não precisamos somar fardos àqueles que perderam o que tinham de mais precioso. O que devemos oferecer é empatia, respeito e oração.
Portanto, Eduardo foi o sonho realizado de um pai e de uma mãe. Foi o menino que trouxe cores e luz para a vida deles. Foi a prova de que o amor verdadeiro se manifesta nos pequenos gestos: em uma foto postada, em um passeio de família, em uma camisa de time vestida com orgulho.
A cidade hoje chora, mas também se reconhece nesse sofrimento. Porque, no fundo, todos nós nos vemos na dor dessa família. Todos sabemos o quanto um filho transforma nossa vida. Todos entendemos que nada é mais forte do que esse vínculo.
Divinópolis deve abraçar essa família. Não com palavras vazias, mas com presença, apoio, silêncio respeitoso e oração sincera. Devemos transformar o julgamento em acolhimento, a curiosidade em solidariedade, a dor em fé compartilhada.
Uma marca que não será apagada
Além disso, Eduardo se despede cedo demais, mas deixa uma marca que não será apagada. Ele viverá para sempre na memória dos pais, na lembrança dos amigos e no coração de uma cidade que aprendeu, nesses dias de luta, a se unir em oração.
Portanto, escrevo não apenas como jornalista, mas como pai, como cidadão, como alguém que entende que há momentos em que a função da imprensa é ser ponte. Hoje, o Centro-Oeste Agora é essa ponte entre a dor de uma família e o abraço de uma comunidade inteira.
Que Deus conforte os pais de Eduardo. Que a fé os sustente. E que Divinópolis nunca se esqueça de que esse menino, ainda tão pequeno, já foi capaz de ensinar uma lição enorme: a de que o amor vivido intensamente jamais se apaga.










