Discussão entre frequentadoras levanta debate sobre convivência, regras e percepções dentro de espaços compartilhados
Uma discussão dentro do banheiro feminino de uma academia de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, gerou grande repercussão nas redes sociais e acabou motivando uma denúncia à Polícia Civil. A jovem Ayla Vitória da Silva, de 22 anos, procurou a polícia após relatar que sofreu ofensas de outra frequentadora da unidade. O caso ocorreu na última terça-feira (11), em uma unidade da rede Pratique Fitness.
Ayla, que é trans, contou que estava no banheiro feminino quando uma senhora entrou e reagiu imediatamente à presença dela. A mulher demonstrou incômodo e expressou preocupação com a presença de uma pessoa trans no local. A partir daí, a discussão começou e a jovem decidiu registrar tudo em vídeo.
A senhora argumentou que o filho, de 7 anos, não pode entrar no banheiro feminino, enquanto “homens vestidos de mulher” teriam acesso. A fala viralizou e gerou debate acalorado nas redes sociais, dividindo opiniões sobre o episódio. Embora o tom da fala tenha sido considerado ofensivo por muitos, outras pessoas interpretaram o comentário como uma tentativa, ainda que dura, de apontar inseguranças relacionadas ao uso de banheiros por diferentes públicos.
No vídeo, Ayla rebate e afirma que não utilizaria o banheiro masculino por questões de segurança e identidade. “Olha a minha fisionomia! Isso é transfobia”, respondeu a jovem.
Na legenda da publicação, Ayla explicou que treina na academia há três anos e nunca enfrentou situação semelhante. De acordo com ela, a gerência da unidade se reuniu com ela dias depois e informou que tomaria as medidas necessárias. A jovem afirmou que seguirá defendendo seus direitos.
Academia abre sindicância e reforça que acolhe todos os públicos
A Pratique Fitness lamentou o caso e afirmou que já acionou o setor jurídico. A empresa também informou que a conduta partiu de uma aluna e que abriu uma sindicância interna para entender todos os detalhes.
A rede ressaltou que valoriza a diversidade e o respeito, que acolhe o público LGBTQIA+.
“Lamentamos muito pelo ocorrido e entendemos a preocupação. Informamos que o setor jurídico já está ciente da situação e tomando as devidas providências para a resolução do caso. Ressaltamos que a conduta mencionada foi isolada, praticada por uma aluna, e não por um colaborador da academia. Estamos realizando uma sindicância interna para apurar o ocorrido e garantir que situações assim não se repitam.
Reforçamos que a Academia Pratique valoriza o respeito, a diversidade e a inclusão, acolhendo todas as pessoas, inclusive do público LGBTQIA+, com o mesmo carinho e atenção“
Polícia Civil apura o caso
A Polícia Civil informou que a denúncia segue em apuração pela 2ª Delegacia de Contagem. A corporação investiga o caso para esclarecer os fatos e avaliar se houve crime.
Discussão repercute e expõe tensão presente na sociedade
O vídeo reacendeu o debate sobre convivência, inclusão, privacidade e percepções individuais em espaços de uso comum. Além disso, a fala da frequentadora, embora criticada por muita gente, também encontrou apoio em parte do público que costuma expressar preocupações parecidas em situações semelhantes. Portanto, já Ayla recebeu mensagens de solidariedade e apoio de entidades e internautas.










