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Do acaso à eternidade: a história curiosa da música do Jornal Nacional

Do acaso à eternidade a história curiosa da música do Jornal Nacional

José Bonifácio, o lendário Boni, relembra como a trilha do principal telejornal do país surgiu às pressas e por puro acaso, em 1969.

Quem nunca ouviu os acordes marcantes que anunciam o início do Jornal Nacional? A trilha sonora que atravessou gerações, e se tornou símbolo de credibilidade e urgência, quase não existiu no dia da estreia.

José Bonifácio, o lendário Boni, um dos pioneiros da televisão brasileira e cérebro por trás de momentos decisivos da TV Globo, contou como a música nasceu de um verdadeiro improviso (vídeo abaixo).

Em 1969, com a estreia do telejornal batendo à porta, a emissora ainda não tinha definido a abertura sonora que marcaria a história da comunicação no Brasil.

Na época, Boni pediu aos maestros da Globo que criassem algo inspirado na abertura clássica do “Repórter Esso”, famoso programa radiofônico dos tempos da Segunda Guerra Mundial.

Segundo ele, os profissionais entregaram composições de excelente qualidade, mas nenhuma capturou o tom de grandiosidade e solenidade que ele buscava.

Os dias passaram e a estreia se aproximava. A tensão crescia nos bastidores, até que o improvável aconteceu. “No dia da estreia, nós ainda não tínhamos abertura”, lembrou Boni. Foi então que um colaborador, conhecido como Faia, teve uma ideia inesperada.

Apressado, ele atravessou a rua e foi até uma loja de discos localizada em frente à sede da TV Globo. Vasculhou as prateleiras e voltou com um álbum recém-lançado de Frank DeVoe. Entre as faixas, uma chamou atenção: The Fuzz.

Curioso, Boni ouviu a música ao lado de Faia e, de imediato, reconheceu o potencial. “Ô Faia, vamos editar isso aqui para 15 segundos”, disse. O assistente coçou a cabeça, mas foi para a ilha de edição. Minutos depois, trouxe o corte pronto.

Sem tempo para burocracias

Sem tempo para burocracias, Boni aprovou na hora. O único obstáculo era a questão dos direitos autorais. Mesmo assim, a decisão foi ousada. “Vai em frente, vamos embora, se a gente discute depois”, respondeu ele.

A aposta deu certo. O tema, vibrante e marcante, encaixou-se perfeitamente à proposta do Jornal Nacional. No mesmo instante, nascia uma das aberturas mais reconhecidas da televisão mundial.

Faia ainda perguntou a Boni se ele acreditava que aquele som faria sucesso. Portanto, a resposta veio com a convicção de quem entende o poder da comunicação: “Acho que vai”.

E foi exatamente o que aconteceu. Décadas depois, a trilha criada às pressas continua firme, abrindo o telejornal de maior audiência do país. Portanto, o som que nasceu do improviso se transformou em sinônimo de notícia e emoção, uma verdadeira marca registrada da TV brasileira.

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