CEO da Heineken Brasil afirma que a concorrência impede a presença da marca em bares e eventos e critica a falta de liberdade de escolha do consumidor.
O CEO da Heineken Brasil, Maurício Giamellaro, fez duras declarações sobre o bloqueio que, segundo ele, a empresa enfrenta em bares e eventos no país, principalmente. Em entrevista a Folha de São Paulo ele afirmou que a prática parte da principal concorrente e impede a presença da marca nesses locais.
“Hoje, eu garanto pra você, com todas as certezas, os bares e eventos que não têm Heineken é porque isso foi forçado pelo meu concorrente”, disse Giamellaro. Segundo ele, o problema não é resultado de uma decisão dos donos dos estabelecimentos, mas de um sistema que tira a liberdade de escolha. “A gente não teve liberdade de escolha. Então, hoje, se o consumidor entrar num bar, ele deveria ter liberdade de escolha”, completou.
O executivo explicou que, apesar de também possuir contratos exclusivos, a Heineken não domina o mercado de forma a limitar a concorrência. “Eu também tenho clientes exclusivos, mas eu posso, porque eu não tenho domínio no mercado. Então, essa é a grande diferença”, reforçou.
Disputa entre as cervejarias chegou ao Cade
A disputa entre as cervejarias chegou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), onde tramita um processo sobre o fim da exclusividade nos contratos firmados entre fabricantes e bares badalados. O caso se concentra especialmente nas capitais do Sudeste, onde o mercado é mais competitivo e estratégico.
De acordo com Giamellaro, o cenário é ainda mais preocupante em regiões específicas. “O eixo Rio-São Paulo é o pior”, afirmou. Ele destacou que, em outros estados, a participação da marca cresce de forma mais consistente justamente porque há mais liberdade para negociar.
“Minha participação no mercado em outros estados é ainda maior, porque eu tenho mais liberdade de escolha. No eixo Rio-São Paulo, é onde a minha participação é menor, porque muitos bares não permitem que o meu produto esteja lá. Eu não estou no cardápio, porque eu não posso estar”, explicou.
Concorrentes pagam para impedir a entrada da Heineken
O executivo denunciou também que concorrentes pagam para impedir a entrada da Heineken em determinados estabelecimentos.
“O meu concorrente paga para eu não estar”, afirmou. Mesmo diante dessas dificuldades, Giamellaro garantiu que a empresa seguirá investindo no país. “Vamos continuar crescendo por aqui, por mais que isso incomode a concorrência”, afirmou, em tom de desafio.
Ele ressaltou ainda que acredita na força do produto e na preferência espontânea do consumidor. “Se você entrar num bar e quiser beber Heineken, tudo bem. Se quiser beber a cerveja do meu concorrente, tudo bem. Sabe por quê? Porque eu acredito nos meus produtos”, destacou.
Para o executivo, o exemplo mais claro de um ambiente competitivo saudável está nos supermercados, onde o consumidor escolhe livremente.
“A prova de que a gente seria muito maior do que a gente é, é o que acontece nos canais de supermercado. A gôndola está lá, ninguém está falando que você vai tomar ou não vai. Você vai lá e pega a marca que você quer”, disse.
No entanto, ele criticou o fato de que até nas prateleiras há disputas desiguais. “Infelizmente, até no próprio supermercado, o que eles fazem? Compram espaço na gôndola para que as marcas deles tenham mais visibilidade”, apontou.
Apesar dos obstáculos, o presidente da Heineken Brasil se mostrou otimista com o desempenho da companhia. “Estamos crescendo com muito trabalho, muito esforço e muito orgulho do meu time, que consegue vencer num cenário como esse”, afirmou Giamellaro.
Fabrica em Minas Gerais
O Grupo Heineken concluiu uma etapa estratégica do investimento de R$ 2,5 bilhões na nova cervejaria em Passos, no Sul de Minas.
As primeiras amostras da cerveja produzida na unidade foram enviadas à matriz da companhia na Holanda e receberam a aprovação do Centro Global de Pesquisa & Desenvolvimento, que confirma o mesmo padrão de qualidade e sabor da marca em todo o mundo.
A validação marca a fase final de testes antes da inauguração oficial, prevista para o dia 6 de novembro, e consolida a expansão da multinacional no Brasil.
A fábrica em Passos será uma das mais modernas do grupo e deve impulsionar a produção nacional da marca no segmento premium, reforçando a presença da Heineken em um mercado cada vez mais competitivo.
Para Heineken, qualidade é inegociável
O processo de certificação segue o rigor histórico da cervejaria holandesa: mestres cervejeiros da matriz analisam aroma, sabor, cor e composição química da bebida antes de autorizar a produção local. A prática garante que a Heineken mantenha, em qualquer país, o padrão de excelência associado às cinco pontas de sua estrela:
- levedura A exclusiva,
- puro malte,
- fermentação prolongada,
- tanques horizontais
- e uso de energia de fontes renováveis
“O caminho para garantir que o líquido atenda os padrões globais de excelência envolve, além de um processo produtivo rigoroso, a capacitação de profissionais da cervejaria de Passos em outras unidades onde já produzimos Heineken, de modo que todos estejam seguindo as mesmas etapas do processo”, afirma o vice-presidente de Produção do Grupo Heineken, Rodrigo Bressan.
Fábrica vai gerar centenas de empregos em Passos
Com a chancela da matriz holandesa, a fábrica mineira está pronta para entrar em operação em larga escala e deve gerar centenas de empregos na região. A própria Grupo Heineken estima que a nova fábrica gere cerca de 350 empregos diretos na operação e mais de 11 mil postos indiretos na cadeia produtiva, logística e serviços.
Durante a fase de construção, a fábrica também chegou a empregar mais de 1800 trabalhadores diretos e indiretos.
Além disso, a unidade desenhada para usar 100% de energia renovável e tecnologias de economia de água e biomassa, fomentando uma cadeia de fornecedores locais e fortalecendo o planejamento industrial sustentável de Minas Gerais.










