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Cigarro eletrônico ameaça jovens e provoca alerta de saúde

Cigarro eletrônico ameaça jovens e provoca alerta de saúde

Entre modismo e dependência, cigarros eletrônicos conquistam adolescentes, mas médicos denunciam riscos graves e doenças irreversíveis que já afetam uma geração.

O apelo visual dos dispositivos eletrônicos, os sabores adocicados e a ideia enganosa de que o cigarro eletrônico é “mais seguro” transformaram o vape em febre entre adolescentes brasileiros.

Especialistas e autoridades de saúde, no entanto, alertam para uma epidemia silenciosa que compromete pulmões e corações ainda em formação.

Estudos apontam que usuários de cigarros eletrônicos têm até seis vezes mais risco de desenvolver lesões pulmonares graves.

O perigo, que já supera os danos conhecidos do tabaco convencional, inclui dependência intensa da nicotina líquida em concentrações altíssimas.

Moda que virou armadilha para adolescentes

Lançado nos anos 2000 como promessa de reduzir danos, o vape deixou rapidamente de ser alternativa para fumantes adultos e se transformou em ferramenta de sedução voltada aos jovens.

Com sabores frutados, design moderno e marketing agressivo, os dispositivos ganharam espaço nas escolas e baladas. Hoje, para muitos adolescentes, usar vape virou símbolo de status, estilo e inovação.

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE/IBGE) mostra que o consumo entre jovens de 13 a 17 anos mais que dobrou em cinco anos. Em cidades como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, mais de 10% já experimentaram o cigarro eletrônico.

O Ministério da Saúde insiste: “Não existe vape seguro. Ele causa dependência química e prejuízos graves à saúde”.

Risco real: pulmões e coração em colapso

O vapor inalado carrega não apenas nicotina, mas também metais pesados, solventes e compostos cancerígenos. Esses elementos corroem tecidos pulmonares e comprometem o sistema respiratório.

Segundo o pneumologista Dr. Paulo Salgado, do Hospital das Clínicas da UFMG, já existem adolescentes diagnosticados com EVALI, doença inflamatória pulmonar grave associada ao uso de cigarros eletrônicos. “O quadro pode evoluir para insuficiência respiratória aguda e até óbito”, ressalta.

Além dos pulmões, a nicotina do vape eleva riscos cardiovasculares, favorecendo hipertensão, arritmias e infarto precoce. A Organização Mundial da Saúde confirma que a ameaça é maior do que a enfrentada pelos fumantes tradicionais.

Relatos de quem acreditou no modismo

Gustavo, de 17 anos, começou a usar vape aos 14. “Achei bonito e parecia inofensivo. Depois não conseguia mais ficar sem. Passei a ter crises de falta de ar e precisei de atendimento médico”, contou.

Ana Clara, 16 anos, passou semanas internada em 2024 após ser diagnosticada com pneumonia química causada pelo uso intenso do dispositivo. “Ela quase morreu por algo vendido como diversão”, lamentou sua mãe.

Portanto, esses casos ilustram como a sedução do vape pode custar caro demais.

Proibição oficial e mercado clandestino

Desde 2009, a Anvisa proíbe fabricação, venda e importação de cigarros eletrônicos no Brasil. Porém, a regra não impediu a disseminação.

Tabacarias, lojas virtuais e grupos clandestinos oferecem os dispositivos livremente. Muitos chegam sem controle de qualidade, com concentrações ainda maiores de nicotina e substâncias tóxicas.

O Ministério da Saúde reforça que a proibição visa proteger a população, mas admite falhas na fiscalização diante da expansão do comércio ilegal.

Dependência que vai além da saúde física

Portanto, para especialistas em saúde mental, a ameaça também compromete o desenvolvimento cognitivo dos jovens.

A psiquiatra infantil Dra. Renata Tavares explica: “A nicotina afeta memória, aprendizado e aumenta o risco de ansiedade e depressão. Estamos diante de um problema de saúde pública que vai muito além do pulmão”.

Entre lucro e saúde: a disputa do futuro

Enquanto médicos pedem mais campanhas de conscientização, a indústria pressiona por regulamentação sob o argumento de que o vape seria alternativa “menos nociva”. Além disso, pesquisadores contestam: trata-se da mesma estratégia usada durante décadas para normalizar o cigarro comum.

Portanto, o resultado é uma guerra entre saúde pública e interesses bilionários. No centro dela, adolescentes se tornam alvo preferencial — e as principais vítimas.

Epidemia que não pode ser ignorada

Além disso, o cigarro eletrônico não representa inovação nem modernidade. Ele simboliza risco, dependência e perda precoce de qualidade de vida.

Dados, relatos e estudos confirmam: o vape é uma epidemia silenciosa que ameaça comprometer toda uma geração.

Pais, escolas e autoridades precisam reagir. Somente a informação pode romper a ilusão criada em torno dos dispositivos eletrônicos. Além disso, o futuro da juventude depende da coragem de enfrentar o problema com seriedade e ação imediata.

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